30 de out. de 2007

O fórum da liberdade - parte 1

O fórum da liberdade aconteceu na Puc, nos dias 16 e 17 de abril. O que seria um contraponto ao infantil fórum social mundial, revelou-se decepcionante. Dividido em palestras de figurões e alguns painéis, o tema central – desrespeitado e ignorado – era “propriedade e desenvolvimento”. Num súbito espírito nada jornalístico, escrevi sobre o evento no calor da hora, sem a menor preocupação com a objetividade e com a imparcialidade, embora eu possa ter algum crédito pela honestidade. Divirtam-se!

Primeira decepção
O Fórum da liberdade defende o livre-mercado. Ora, eu também o defendo, mas nem por isso produzi um vídeo institucional ridículo e piegas, que tenta fundamentar a questão de modo ridiculamente didático. Senti uma terrível vontade de ingressar no Psol após ser forçado a assisti-lo.

Palestra do Aznar
Começa com 25 minutos de atraso. Tudo bem, estou no Brasil, é algo admissível. Aznar é um político, logo se veste mal e seu rosto não transparece confiança. Parece um espanhol safado. Fala corretamente: esses neopopulistas da América Latina são uns caudilhos abobados. Fala isso, porém, com um bigodinho de cantor de hip-hop. No mínimo é cômico. Digo, é incrível que alguém com um bigodinho à hip-hop defenda o livre-mercado. Friedman não tinha bigode, Hayek também não e Adam Smith, espero, nem sabia o que era rap.
Ele defende a liberdade econômica com os clichês fundamentais quando se fala dela: estado pequeno, corte de gastos, equilíbrio fiscal e corte de impostos. Claro, corte de impostos recebem aplausos. Que ótimo!, ele defende a privatização! Espero que a Yeda o escute, se é que ela é capaz de escutar alguém.
Aznar dá exemplos de como a Espanha pós Franco era uma porcaria e de como melhorou após as reformas liberais. Não duvido. Deixar as empresas crescerem, criar condições para que um empreendedor toque suas idéias sem o estado para pentelhar é o basicão... A Espanha é, hoje, é realmente um país próspero. Claro, a União Européia ajudou muito, ele admite. Político afastado da política (derrotado nas eleições de 2004), Aznar fez um discurso mediano, e não se furtou de cutucar os políticos que discursam por quatro, cinco horas. O dele durou 40 minutos.
Perguntas- as perguntas são, via de regra, ruins. As pessoas sempre tratam o palestrante como um painho, com perguntas como: “o que o Brasil deveria fazer?” ou “que dicas você daria ao Lulla?”. É quase como se não tivessem escutado a palestra. De qualquer forma, foram apenas três: rápidas, rasas e servis. Nunca questionadoras. Depois se mandou. Compromissos em SP, ele disse. Será mais uma palestra? Quanto o mercado está pagando por sua palestra? Espero que pouco...

Painel 2 - As limitações constitucionais e legais ao direito de propriedade: estímulo ou empecilho para o desenvolvimento? (Ives Gandra Martins, Manoel Gonçalves Ferreira Filho e Frei Betto)

Frei Beto é o clichê por excelência. É bastante aplaudido, mas não toca nem de leve no tema do painel. O que ele acha do direito à propriedade privada? Quando ele assessorava o MST, ele era a favor? Agora, sua retórica social, seus termos como globocolonização ou globalização da solidariedade, só servem para rir. E claro, citar o falecido Papa garante mais aplausos. Investir em educação e criticar a ética dos políticos é o ápice do lugar-comum. Qualquer quitandeiro diz o mesmo.
Infelizmente é preciso ser justo. O tal de Ives Gandra Martins fala bem, conquista a platéia, mas, inacreditavelmente, não contesta em nada o Frei. Apenas Ferreira Filho, um sujeito que dá muito sono, contesta as besteiras do ex-assessor do presidente, expondo ao ridículo a tese de que uma sociedade com muitos empresários seja levada ao corporativismo. Como um herói, ele tenta – sem sucesso, mas com estilo -, retomar o rumo do debate. Puxo aplausos. Felizmente sou acompanhado. Não sei se concordam comigo, acredito apenas que as pessoas, como focas amestradas, tem grande prazer em aplaudir. No entanto, apesar de unidos, falhamos. Novamente o debate descamba para o óbvio: educação e carga tributária.
Enfim, “a democracia se nutre do debate de idéias”, diz o mediador; porém, debate não houve. E eu quase, quase!, elogiei a coragem do Frei Beto por representar a esquerda num ambiente que prega o livre-mercado. Não o elogiei, ainda bem. Ele não foi em nada questionado. Nada! Apenas uma perguntinha fraquinha do também fraco mediador. Parabéns ao fórum por anular o debate e não respeitar o tema do painel.

18 de out. de 2007

Sobre um Nobel inconveniente.


Saber que Al Gore ganhou mais de um milhão de dolares é a real verdade inconveniente. Pelo menos, até ele, é um grande fã deste blog: A Curvatura da Terra. Fez umas propagandas para nós. Pena que não veremos a cor verde deste Nobel. O importante é que todos, agora, sabem que a Terra tem uma camada, mesmo que seja de ozônio, e, o mais importante, ela tem uma curvatura, mesmo que seja um blog. Obrigado Al Gore.

12 de out. de 2007

E a piada do dia vai para...

...Al Gore e sua "verdade inconveniente", que ganhou o Nobel da Paz.



Hahahahaha.

8 de out. de 2007

Sobre bicicletas e croissants


Creio que a diferença fundamental entre um país sério como a França e um país otário como o Brasil se encontra no fato de que políticos com boas idéias e fôlego executivo, como Nicolas Sarkozy, simplesmente não dariam certo por aqui. É impossível imaginar o pequeno Sarkô conseguindo alguma coisa no Palácio do Planalto ao invés do Palácio do Elysée. Antes disso, todas as etapas de seu plano de governo seriam sistematicamente metralhadas, uma a uma, pela incompetência, podridão, corrupção, preguiça, irresponsabilidade, imprevidência e descaso do Executivo/Legislativo tupiniquim. Cada país merece seu presidente. O nosso é o Lulla, contente-se com isso.

De qualquer forma, o trabalho de Le Petit tem dado certo na França. Depois de uma eleição apertada - pero no mucho, ganhada em um segundo turno disputado com Ségolène Royal (uma mulher? De esquerda? Na presidência de uma potência econômica? Hahahahaha. No seu cu, Hillary Clinton), Sarkozy adentrou o Elysée com formigas dentro da cueca. Durante esses quase cinco meses, Sarkô já foi chamado de "presidente hiperativo" (The Economist), "bicicleta sem freio" (L'Express) e "hiperpresidente" (Le Figaro). E, ao que tudo indica, a francesada tem gostado.

O novo jeito de governar sarkozyano inclui o corte no número de ministérios, diminuição nas regalias de pensões dadas a antigos funcionários públicos, medidas deveras interessantes para cortar o barato dos vagabundos grevistas (a chamada Lei de Serviços Mínimos - sim, o Partido Socialista já chiou), punições mais rígidas para menores infratores e pedófilos (alguém aí falou em... *castração química*?), autonomia das universidades e isenção de impostos para as horas extras de trabalho. Sarkozy também mandou (elegantemente, é claro) Mahmoud Ahmadinejad comer pasto e discursou no G8 levemente bêbado. E conseguiu que seu partido consolidasse maioria na Assembléia Nacional. 50 anos em 5... meses.

Filho de um imigrante húngaro, Sarkozy ainda não tomou nenhuma das medidas extremas ao combate da imigração (ilegal) que Ségolène Royal tanto alertava. A esquerda francesa passou a eleição inteira chamando Sarkô de xenófobo. Ou, o que é pior, xenófobo hipócrita, por causa de sua origem paterna. Até o próprio Jean-Marie Le Pen, figura clássica da xenofobia direitista francesa, chegou a perder votos durante o primeiro turno das eleições pela similaridade entre as suas propostas e as de Sarkô. O que se convém falar é que a questão da imigração na França é muito mais social e cultural do que exatamente política. Logicamente, as medidas tomadas por um presidente podem ser cruciais em assuntos como esse - mas o buraco é mais embaixo quando se fala sobre imigração na Europa.

Mr. Bean? Jean Alesi?


A partir de uma rápida avaliação da administração Sarkozy, é possível perceber que a França passa por uma transformação radical após mais de 25 anozzzz tediosozzzz nas mãos de Mitterrand (81-95) e Chirac (95-07). Se até mesmo a Republique teve seus anos de marasmo, será que o Brasil consegue reverter a situação atual dando o poder a uma bicicleta sem freio? Não. Lembro que o Brasil é um país otário, e só é um país otário pois tem eleitores otários. Eleitores que se deixam comprar pela mendicância estatal do assistencialismo, por propostas absurdas ("10 milhões de empregos em quatro anos", Lulla, 2002 - eu lembro) ou por, sei lá, 1kg de farinha. Reitero que cada país tem o presidente que merece, e nós merecemos o Lulla. Aliás, "nós" não. "Vocês". Porque eu só espero que as medidas de imigração do pequeno Nicolas não sejam tão rígidas e eu possa, enfim, comer um croissant às margens do Sena ao lado da Laetitia Casta ou da Ludivine Sagnier.

4 de out. de 2007

Tem gente que acha...

Tem gente que acha que a Veja é uma boa revista. Eu acho. No Brasil, infelizmente, é a melhor. No Brasil, repito. Porque em Portugal existe uma revista chamada "Atlântico". Comparem as capas e concluam por si mesmos.