5 de set. de 2007

Sobre gordinhos e suéters


Mês de setembro. Mês da semana farroupilha. Mês em que todo gaúcho se enche de chimarrão, veste pilcha e comemora, com uma lágrima saindo no canto do olho, uma revolução que a gente nem ganhou. Não vejo problema nisso. Eu também sou assim. Sou bairrista até encher o saco. Sinto um profundo desprezo por qualquer coisa que venha acima do Rio Uruguai, sobretudo aquilo que esteja entre o Trópico de Capricórnio e o Equador. Adoro o Rio Grande do Sul. Mas existem duas coisas nesse estado que fazem parte da escória da humanidade, juntamente com fãs de Chico Buarque e o Al Gore: as bandas porto-alegrenses e o Luis Fernando Verissimo.

Deixo de lado a análise da prolífica cena musical "anos sessenta, u-hul!" que invade nossos ouvidos há mais de 20 anos nos barzinhos da capital. É assunto para outro post. Por enquanto, concentro meus esforços nessa figurinha gorducha da foto ao lado.

Luis Fernando Verissimo é uma espécie de Jô Soares dos Pampas. Gosta de jazz, "Charlie Parker, ui, ui", tática que seu ego encontrou para compensar o fato de que seus textos só conseguem atingir intelectualmente a classe média baixa. Tanto LFV quanto Jô Soares fazem parte daquela associação clássica, "meu tio mais velho se parece com esse cara". Simpáticos, boa-praça, não fariam mal a uma formiga, usam suéters de péssimo gosto. "Gosto tanto do Luis Fernando, o que ele fala é engraçado e é verdade, a minha vida é exatamente assim!", diria o pai de família, o trabalhador 9-5, o público-alvo do Fantástico. Ah, faça-me o favor. Não é à toa que o que ele escreve está no caderno "Donna", da Zero Hora.

Não quero entrar no âmbito das escolhas políticas de LFV. Sim, ele é simpatizante do PT e sim, isso só piora o meu conceito em sua relação. Mas isso não quer dizer nada. Tenho orgasmos literários lendo Julio Cortázar, amigo pessoal de Fidel Castro. Ou então Albert Camus, gênio fodido, um dos maiores escritores do século XX e... comunista de carteirinha. Tenho que me contentar que 99% dos escritores de ficção no mundo (sobretudo na América Latina) são de esquerda. Não é por isso que eu não gosto de Luis Fernando Verissimo. Não gosto dele porque ele escreve mal. Mal. MAL. Escreve obviedades. Escreve lugares-comuns. Escreve vulgaridades. Seus personagens são rasos. Suas abordagens pecam por uma irritante vontade de simplificar tudo. LFV parece querer, e consegue, que todos os assuntos relativos a qualquer coisa em qualquer lugar do mundo sejam processados, simplificados, triturados, reescritos de modo que a mesma pessoa que assiste às videocassetadas do Faustão possa entendê-los. Isso tudo usando aquela narrativa chulé no estilo "eu escrevo como eu falo, não sou o máximo?".

Mas então o sábio leitor deste blog, que não tem absolutamente nada em comum com o leitor médio do caderno Donna, pergunta para este que vos escreve: "O que diabos um guri no segundo semestre de Jornalismo quer falar de alguém que ganha a cada artigo pelo menos 20 vezes mais do que aquilo que ele irá ganhar pelo resto de sua recém-nascida vida jornalística?". E eu respondo: "Não sei". Mas às vezes é bacana tirar sarro de alguém que todo mundo, cegamente, paga pau. É sempre muito bom acabar de ler uma coluna qualquer do Luis Fernando Verissimo e presentear o próprio ego dizendo a si mesmo "Heh, velho gagá". Pelo menos eu ouço jazz sem qualquer rancor intelecutal. E meus suéters são mais bonitos.

6 comentários:

Antônio disse...

você já começou errado.
comparar LFV com Jô Soares, pelo o que você chama de caracteristicas comuns, ficando nessa rasa analise, que como você tanto critica, vai do nada a lugar algum; se ai já não é uma influência do próprio na sua escrita, é uma continuidade do que você não gosta.
não sou fã de LFV mas sinceramente, entre ler ele e você, por enquanto, ainda tô preferindo ele.

Anônimo disse...

muito bom! parabéns Tomás, lfv tão lixo quanto jô. nao liga pra essas pessoas, é só uma prova do nosso bom gosto ;]

Eduardo Palandi disse...

não sou fã de LFV mas sicneramente, entre ler ele e você, Tomas, sou muito mais você. e concordo plenamente com o "Charlie Parker ui-ui".

Pedro Palaoro disse...

Muito bom Tomas, adorei teu texto e principalmente pelas intervensões ironicas , ri muito!

Rafael Raffa disse...

Ah cara eu gosto das vídeo cassetadas...

Rodrigo Lorandi disse...

quero meus dois minutos de volta