
Creio que a diferença fundamental entre um país sério como a França e um país otário como o Brasil se encontra no fato de que políticos com boas idéias e fôlego executivo, como Nicolas Sarkozy, simplesmente não dariam certo por aqui. É impossível imaginar o pequeno Sarkô conseguindo alguma coisa no Palácio do Planalto ao invés do Palácio do Elysée. Antes disso, todas as etapas de seu plano de governo seriam sistematicamente metralhadas, uma a uma, pela incompetência, podridão, corrupção, preguiça, irresponsabilidade, imprevidência e descaso do Executivo/Legislativo tupiniquim. Cada país merece seu presidente. O nosso é o Lulla, contente-se com isso.
De qualquer forma, o trabalho de Le Petit tem dado certo na França. Depois de uma eleição apertada - pero no mucho, ganhada em um segundo turno disputado com Ségolène Royal (uma mulher? De esquerda? Na presidência de uma potência econômica? Hahahahaha. No seu cu, Hillary Clinton), Sarkozy adentrou o Elysée com formigas dentro da cueca. Durante esses quase cinco meses, Sarkô já foi chamado de "presidente hiperativo" (The Economist), "bicicleta sem freio" (L'Express) e "hiperpresidente" (Le Figaro). E, ao que tudo indica, a francesada tem gostado.
O novo jeito de governar sarkozyano inclui o corte no número de ministérios, diminuição nas regalias de pensões dadas a antigos funcionários públicos, medidas deveras interessantes para cortar o barato dos vagabundos grevistas (a chamada Lei de Serviços Mínimos - sim, o Partido Socialista já chiou), punições mais rígidas para menores infratores e pedófilos (alguém aí falou em... *castração química*?), autonomia das universidades e isenção de impostos para as horas extras de trabalho. Sarkozy também mandou (elegantemente, é claro) Mahmoud Ahmadinejad comer pasto e discursou no G8 levemente bêbado. E conseguiu que seu partido consolidasse maioria na Assembléia Nacional. 50 anos em 5... meses.
Filho de um imigrante húngaro, Sarkozy ainda não tomou nenhuma das medidas extremas ao combate da imigração (ilegal) que Ségolène Royal tanto alertava. A esquerda francesa passou a eleição inteira chamando Sarkô de xenófobo. Ou, o que é pior, xenófobo hipócrita, por causa de sua origem paterna. Até o próprio Jean-Marie Le Pen, figura clássica da xenofobia direitista francesa, chegou a perder votos durante o primeiro turno das eleições pela similaridade entre as suas propostas e as de Sarkô. O que se convém falar é que a questão da imigração na França é muito mais social e cultural do que exatamente política. Logicamente, as medidas tomadas por um presidente podem ser cruciais em assuntos como esse - mas o buraco é mais embaixo quando se fala sobre imigração na Europa.

Mr. Bean? Jean Alesi?
A partir de uma rápida avaliação da administração Sarkozy, é possível perceber que a França passa por uma transformação radical após mais de 25 anozzzz tediosozzzz nas mãos de Mitterrand (81-95) e Chirac (95-07). Se até mesmo a Republique teve seus anos de marasmo, será que o Brasil consegue reverter a situação atual dando o poder a uma bicicleta sem freio? Não. Lembro que o Brasil é um país otário, e só é um país otário pois tem eleitores otários. Eleitores que se deixam comprar pela mendicância estatal do assistencialismo, por propostas absurdas ("10 milhões de empregos em quatro anos", Lulla, 2002 - eu lembro) ou por, sei lá, 1kg de farinha. Reitero que cada país tem o presidente que merece, e nós merecemos o Lulla. Aliás, "nós" não. "Vocês". Porque eu só espero que as medidas de imigração do pequeno Nicolas não sejam tão rígidas e eu possa, enfim, comer um croissant às margens do Sena ao lado da Laetitia Casta ou da Ludivine Sagnier.
Um comentário:
é a frança tava precisando de alguem que colocasse ordem na casa, ideologicamente perdida, o pais estava sem futuro.
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